Vamos cuscar? 13#
O Pedro é um provocador simpático, de sorriso rasgado,pronto sempre a desconstruir os pensamentos imediatos de quem se lhe cruza nocaminho. Pensa seriamente fora da caixa e vê a realidade com outros tons. Écrítico. Incisivo às vezes. Põe-nos a pensar. E escreve tão bem, como pensa.Quando começo a ler os textos soltos dele, sei que não vai haver finaiscor-de-rosa ou âmbar. Nem tão pouco verdades mascaradas de fantasias defaz-de-conta-que-sou-feliz. Gosto muito desse desconcerto de nos pôr a pensarde outra forma.
Para lá desse universo cru de pôr um pouco o dedo nasferidas, que nos faz tão bem, para ver a realidade como ela também é, escrevepara crianças. Parece um paradoxo, mas não é. Porque no meio desse seu ladomais provocador, o Pedro é assim, com esse coração grande de provocadorinfantil, de pôr os mais pequenos também a pensar… de formas diferentes. Econsequentemente, também os pais deles. Brinca assim com as palavras, ora paraos mais crescidos, ora para os mais novos e não fosse ele também professor deformação, ora de inglês, ora de português. Prestes a publicar o seu segundolivro, que peso têm as palavras na vida dele? É o que vamos descobrir nesteVamos Cuscar... o Pedro Ferrão?
Idade:42
Naturalidade:Cernachedo Bonjardim
Comidaspreferidas: Gosto muito da cozinha italiana, mas da maistradicional, que recorre aos ingredientes mais simples, aos cheiros, aos aromasao toque dos produtos que moram na nossa casa, mas do lado de fora. É um festimpara os sentidos.
Umlivro a não perder: Calde José Luís Peixoto, que foi o livro que me fez começar a escrever. Depois O Sentido da Noite de Michael Cox, uma obra estonteante escrita ao longo de 30anos. A nós enquanto leitores, parece-nos que estamos lá, é inevitávelescolhermos um lado. Sentimos o peso da injustiça, o receio da descoberta e osabor da vingança. Assim mesmo, tudo isto num só livro, mas um livro brilhante.Para finalizar não podia deixar de referir o meu autor contemporâneo preferido,AfonsoCruz com A Boneca de Kokoschka ou ParaOnde Vão os Guarda-Chuvas. O Afonso escreve como ninguém, de uma forma muitovisual, com o recurso a imagens lindíssimas na sua simplicidade. Talvez portambém ser ilustrador isso lhe saia naturalmente. Além de que tenho oprivilégio de o conhecer pessoalmente e posso afirmar que é uma excelente pessoasem ser prisioneiro de qualquer tipo de vedetismos, assim sendo a escritasai-lhe à imagem dele próprio.
1.Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou morto) para jantar, quemescolherias e porquê? Sepudesse mesmo, gostaria de fazer um jantar com meia dúzia de familiares e amigosque já morreram. Assim uma coisa muito maluca e nada mórbida com uma pomadadaquela de fazer levantar os mortos, só para por a conversa em dia e matarsaudades.
2.As palavras transformam-nos e influenciam tanto os nossos dias. Quandocomeçaram a ser fundamentais para ti? Acho que sempre foram, escritasou orais e continuam a ser diariamente. Há palavras que sozinhas sãoinsignificantes, mas juntas são frases inesquecíveis.
3.Que palavras te deixam inquieto? As palavras não me inquietammuito, as acções sim.
4.Como percebeste que te querias rodear de palavras e fazer disso profissão? Curiosamenteacabou por ser um processo de tentativa/erro. Errei algumas vezes até aquichegar, mas acabei por cá chegar.
5.Todos os dias estás com crianças de várias idades. Qual é a parte maisdesafiadora desse processo? Tentar que eles entendam osvalores que realmente importam da forma mais natural possível, sem imposições.Claro que às vezes é muito difícil (quase sempre).
6.Quando se trabalha com crianças fazem-se muitas descobertas diárias. O que éque elas te ensinam? Muita coisa. Boa e má. Mas o que mais aprecio é a suagenuinidade, sem filtros, sem querer parecer bem, as coisas são o que são,assim como elas. Infelizmente a falsidade é como as rugas, aparece com a idade.
7.Há muitos géneros literários e és versátil em mais do que um. O teu primeirolivro Noel, o espírito do Natal, é um livro infantil. Porquê escolher o públicoinfantil? Olha, aconteceu assim. Acho que foi o público infantilque me escolheu a mim. O Noel surgiude um micro conto que escrevi para que os miúdos ilustrassem com o objectivo defazer um filme que seria a participação do CATL na festa de Natal da escola.Correu tão bem que parti para o livro.
8.Surge esta nova obra com título tão promissor – Onde moram as coisas? Ondemorou a tua inspiração para este livro? Acho que a inspiração aparece deum conjunto de experiências e de coisas que vamos ouvindo e sem darmos contavamos guardando dentro de nós. Um dia acabam por querer sair, e depois fazem-noao mesmo tempo, sai tudo junto de uma só vez. Só temos de estar com atençãopara registar esse momento.
9.
A amizade é muito importante, bem comoas emoções boas dos que nos rodeiam. Já no teu outro livro aparecia aimportância de Sermos com e para os outros. Que importância tem para ti, osamigos? Toda. Os amigos estão sempre lá quando é preciso, nofundo são a família que escolhemos. Não devemos é confundir amigos com pessoasque vemos todos os dias, são coisas diferentes com graus de responsabilidadediferentes.
A amizade é muito importante, bem comoas emoções boas dos que nos rodeiam. Já no teu outro livro aparecia aimportância de Sermos com e para os outros. Que importância tem para ti, osamigos? Toda. Os amigos estão sempre lá quando é preciso, nofundo são a família que escolhemos. Não devemos é confundir amigos com pessoasque vemos todos os dias, são coisas diferentes com graus de responsabilidadediferentes.
10.Entre uma árvore, um livro e um filho… o que podemos esperar mais de ti? Maislivros e mais filhos, já levo várias árvores de avanço.
11.Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões dodia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia? Usovários, desde uma volta de bike ou de mota. Mas a maior parte das vezes osmelhores pensos são coisas bem pequenas e bem simples – como um sorriso ou umgesto bonito.